perto vermelho
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sábado, março 18
segunda-feira, setembro 28
terça-feira, janeiro 13
COLEÇÃO KRAFT
Meu livro de poemas lançado em abril de 2014 pela Coleção Kraft, da Editora Cozinha Experimental, está esgotado. Apesar disso, sem a beleza e elegância do livrinho artesanal, disponibilizo aqui os poemas integrantes do livro em pdf.

Boa leitura!
quinta-feira, agosto 21
entrega
quase não pude
chegar
à porta
para receber um pacote tão grande
- tamanho medo -
eu que sempre adorei a fuga
de perder-se entre as coisas
o carteiro já estava virando
deveria continuar seu trabalho
ambíguo
de entregar mistérios
mas o meu esforço para abrir
a porta
gerou um ruído absurdo:
pude ver o seu regresso
pude tocar
a caixa
e o medo.
chegar
à porta
para receber um pacote tão grande
- tamanho medo -
eu que sempre adorei a fuga
de perder-se entre as coisas
o carteiro já estava virando
deveria continuar seu trabalho
ambíguo
de entregar mistérios
mas o meu esforço para abrir
a porta
gerou um ruído absurdo:
pude ver o seu regresso
pude tocar
a caixa
e o medo.
domingo, junho 15
sempre
tristes
tentamos nos olhar
tentamos
tua cabeça / um novelo
transbordando
em nó
tua cabeça – um nó – um novelo
cabeça/nó/novelo
cabeça
uma porta sempre aberta
fechando a passagem
tentamos nos olhar
tentamos
tua cabeça / um novelo
transbordando
em nó
tua cabeça – um nó – um novelo
cabeça/nó/novelo
cabeça
uma porta sempre aberta
fechando a passagem
terça-feira, maio 13
ovo
teu nome é
o não dito
a palavra na boca
abre uma fenda
inaudível
pensei hoje vou falar
pensei
corpo em verbo
falar
corpo / a dobra do hálito / a boca
dizer / no ar adensa
o não dito
pesa / o peso do mundo
sossega em minha glote
(amor, amor)
agora
olha
abre uma fenda — diga / digo
falar por mim — estanca / morre
o não dito
a palavra na boca
abre uma fenda
inaudível
pensei hoje vou falar
pensei
corpo em verbo
falar
corpo / a dobra do hálito / a boca
dizer / no ar adensa
o não dito
pesa / o peso do mundo
sossega em minha glote
(amor, amor)
agora
olha
abre uma fenda — diga / digo
falar por mim — estanca / morre
domingo, maio 4
Dois
I - ÉBRIA
aqui dormimos
aqui acordamos
esse amor dançando
em minha boca
na cidade infinita
de nossos corpos
dormimos
acordamos
sem pressa
seguimos - até
que seja outra a nossa
descoberta
II - SONHO
seja então esse braço
(cansado
breve
mutilado)
outro braço
uma rua para tanto chão
e asas as omoplatas
dilata
dilata
debulha o nó de suas palavras
cansadas
escancaradas
lembram aquela boneca russa
toda aberta
tantas bonecas
sem mãos para se fechar
aqui dormimos
aqui acordamos
esse amor dançando
em minha boca
na cidade infinita
de nossos corpos
dormimos
acordamos
sem pressa
seguimos - até
que seja outra a nossa
descoberta
II - SONHO
seja então esse braço
(cansado
breve
mutilado)
outro braço
uma rua para tanto chão
e asas as omoplatas
dilata
dilata
debulha o nó de suas palavras
cansadas
escancaradas
lembram aquela boneca russa
toda aberta
tantas bonecas
sem mãos para se fechar
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