domingo, maio 27

Agnés retorna,
          e seus travellings
correm
        a minha memória

jorra,
a sua maresia
ela se ajunta na minha,
                       meus olhos
a vagar
     que são tantas as praias.


dissolvo-me
        escorro
implacável
            mar ressacado
vagarosa
            - aquela ilha deserta.

elas são  muitas, as praias.


dá-se um passo, e as pegadas
                sempre:
     um lastro de areia, nela
 chinelos perdidos, óculos
     sacolas plásticas, baralhos
guarda-sóis fechados
       guarda-sóis abertos
baldes vazios, cheios,
      as cartas, as conchas... (assemelham-se eles aos objetos
heteróclitos e tristes das salas de espera?
prefiro não pensar) e lá está
            o mar.

arde a sede.
          as praias são muitas
transborda...

Agnés então mais impregnada:
             fundo-me em devires nesse mar de memórias.
nado
      e sou a água.

na imaleabilidade dessa existência,
          a submersão.

domingo, maio 13

o morto

Ontem um inseto ao lado da minha mão. era cascudo, feio, lento. Matei. havia uma chícara de café à outra mão. Esmaguei. tléc. levantou-se
                                                     a chícara. o inseto morto
lado direito da minha mão.



Era cascudo,                     imóvel,                  seco...
morto. E fui eu.

terça-feira, maio 1

na era do amor virtual

- Rapidamente, ao tempo, esfria

a minha comida o gesto a luz entre frestas
          a minha boa noite               a vida.

E, se chega à boca,
amarga.