quarta-feira, dezembro 18

Silêncio

“anjo 
nenhum pode curar-te
do teu nome”

                                Paul Auster


eu o assombro um trem te atravessa
os trilhos
vagões lotados teus olhos ignotos

eu o desejo aos pés de teus fantasmas
 – eles  não dizem nada.

sim, Pedro, mais fácil seria outro nome
fosse Nuno pesaria
nem metade dessa pedra arrastada
em língua morta:



Petrus. trapos de língua. trapos
nós. Petrus a noite engole e somos
dois vagabundos entre contas azuis 
tomadas pelo asfalto
 
preto – tantos furtos – cada vez 
menos de mim
comigo:


dirá que te pertenço
quem souber o que me resta.

2 comentários:

  1. gostei bastante da penúltima estrofe, fer. talvez tirasse apenas essa repetição de trapos: "trapos / nós", porque não enxerguei o motivo. eu também diria que ele ta sério demais (se levando a sério demais), como se escrito por uma senhora - ainda que uma senhora culta e sensível - de outra época, saca? há uma solenidade que você poderia suavizar com o artifício do humor ou da auto-ironia, na minha opinião, pra não ficar um poema expressivista. acho que pode retrabalhar o seu "eu" expondo-o um pouco mais ao ridículo. beijo grande!

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  2. "Qual a palavra
    que todos os homens sabem?"

    (Ana C.Cesar)

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