terça-feira, abril 9

obituário

brecha de luz rasgando a noite:
é quando a lua alcança
–  atinge – um rosto oculto entre nós
( difuso
abrigo
no breu)
 – escancara –  corrompido
 farol de novos olhos
seciona, lesiona, não para.

em face à sacada, febril:
o quarto – uma arena
cuja luz dispõe a cena:

temem-nos estantes, relíquias
ínfimas de toda a viagem
temem-nos  filhos atentos, dobrados
na pausa de entreouvidos
 – quando  um suspiro quase resgata
a clareza em sua fisionomia  –
temem-nos  cartas  cordas membros monumentos
obituários
inúteis:

o meu próprio temor
escorre em vias duma fúria
altiva, tão alta
_________ como a lua.

e quem há de temer?
não há
quem tema
por nós
quando o furor invade
e já os corpos evadem
- ao longe – depois da Terra
onde o peso da matéria
se refaz.

2 comentários:

  1. lendo e aprendendo... que linda sua língua!

    ResponderExcluir
  2. disse que gostei desse poema lá na oficina e lendo aqui achei mais bonito ainda! gostei daqui também...

    bj,
    joão

    ResponderExcluir